Tempero da Vida

Viagens
Rosane Vidinhas
25 de abril de 2017

A culinária do sul de Minas-Parte II

ROTEIRO LENHA NO FOGÃO – a Viagem delícia continua…

Segundo dia

-Primeira parada:

CRUZÍLIA

Cruzília faz parte do Circuito Montanhas Mágicas, localiza-se a 384 Km de Belo Horizonte. Em 2010 a população era de aproximadamente 15.000 habitantes.

O nome Cruzília ou “Terra da Cruz” é derivado do primitivo nome da localidade – “encruzilhada”. Originou-se este nome o fato de o povoado localizar-se ao lado de uma encruzilhada formada por duas importantes estradas do período colonial, que ligavam os municípios de São João del Rei, Aiuruoca e Rio de Janeiro à região aurífera de Minas Gerais. (Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros – Volume XXIV ano 1958.)

A BALA DE COCO NA CASA DA HILMA

Dá para confundir se é culinária ou recreação. Fazer BALA DE COCO no mínimo é bem divertido. Claro que bala demais e açúcar em excesso não faz bem a ninguém. Mas combinar com amigos e promover o dia da Bala de Coco, pode ser uma boa ideia.

E você já comeu Bala de Coco que acabou de se fazer? Não? Já exercitou o puxa a puxa da massa que vai virar bala? Não? Então experimenta…pura alegria!

Foi assim naquela manhã na Casa da Hilma. Todos nós na cozinha, participamos passo a passo do mistério que começa no leite de coco e termina naquela bala que desmancha na boca…

RECEITA DA BALA DE COCO

Enviada por Juliana Venturelli

A bala começa, na panela, com o fogo apagado.

 

Para ver se está no “ponto de bala” coloca um pouco da calda na água fria e se fizer o fio e começar a descolar dos dedos, tá no ponto.

Hilma unta a pedra com margarina e delicadamente coloca a calda e espera esfriar. Ela conta que em outros tempos manuseava a massa ainda quente e era difícil aguentar nas mãos. Aprendeu um jeito mais fácil vendo na televisão. Hoje mexe na massa quando está quase fria e dá certo.

Depois vai dobrando e esticando…

 

Descobriu o uso do prego na parede, que facilita o puxa puxa, também na TV. “Ajuda muito a não fazer tanta força nos braços, quando se tem uma quantidade grande de balas para entregar”, diz Hilma.

No puxa estica a cor perolada vai ganhando a cor branca. Depois é torcer que dá o jeito frisado e cortar com tesoura.

Hilma dos Santos Arantes é da cidade vizinha Aiuruoca, mora há mais de 40 anos em Cruzília.

Casada com Sr. José Renato há 32 anos. Hoje Hilma trabalha com a filha Cintia aceitando encomendas das balas de coco, docinhos e bolos de aniversário. São confeiteiras.

Sr. José Renato cuida das galinhas no quintal, cujos ovos são consumidos por eles, já os bolos precisam dos ovos de granja, como ele diz.

Quando Hilma casou, ganhou de presente da filha da patroa dela na época, a Patrícia, um caderno que a menina havia usado na escola e que tinha anotações, inclusive poesias de Cecília Meireles. E assim, esse “caderno-documento” mistura poesias e receitas, uma verdadeira soma de memórias.

Eu, Hilma e Maria Júlia sua neta.

 

 

-Segunda parada

SÃO VICENTE DE MINAS

Uma imagem de um santo identificada como de São Vicente de Ferrer, encontrada à beira de uma nascente próxima a uma trilha ou pouso de bandeirantes vindos de Taubaté-SP, deu origem ao nome da cidade. A região era caminho ligado à mineração, por onde passavam então os tropeiros. A forte devoção religiosa fez com que o dono da fazenda Sesmaria, o alferes Francisco José construísse entre 1797 e 1799 uma capela em homenagem ao santo. Esta capela se tornou o centro da localidade e deu origem ao arraial de São Vicente Ferrer. Em 1953, passou a chamar-se São Vicente de Minas. (Fonte: http://biblioteca.ibge.gov.br). Em 2011 sua população era de 7. 073 habitantes. São Vicente de Minas está distante uns 300 km de Belo Horizonte.

 

CULINÁRIA DO DITO

Dito prepara a TÍPICA COMIDA MINEIRA.

A criação de galinhas, permite se preparar um prato como Galinha ao Molho Pardo.

GALINHA AO MOLHO PARDO , também conhecida como Galinha Cabidela e POLENTA.

 

Lembro-me da minha infância, lá por volta dos anos 60. Minha avó Samaritana, morava numa grande casa no Méier e na esquina da rua tinha um  AVIÁRIO. Era uma loja cheia de gaiolas e com galinhas de cores e tamanhos diferentes. Eu ia até lá com minha mãe que escolhia uma que pedia para abater. Chegava fresca na cozinha da minha avó. Além disso, levava-se o sangue do animal, do qual se fazia o tal molho pardo (galinha ou arroz ao molho pardo).

Comprava-se ovos no aviário, eram grandes, porosos, branquinhos…eram enrolados de quatro em quatro no jornal, colocava quatro e enrolava, mais quatro e enrolava…no final dobrava-se as pontas do jornal. Eu adorava ver o dono do galinheiro fazer esse movimento.

Chegar ao interiorzão de Minas, para lembrar de quando eu era garota.

Terminam os aviários, os ovos hoje são de casca tão lisa (ovo velho?) vendidos em bandejas longe das galinhas…e tem até prazo de validade.

Quanto ao prato Galinha ao Molho Pardo, nos cardápios dos restaurantes das grandes cidades, ficou comprometido, pois na verdade, o abate animal em centros urbanos, passa pela fiscalização da Vigilância Sanitária. Qualquer abate animal, precisa ser feito em locais próprios como matadouros, seguindo as normas da Riispoa, certificado pelo Ministério da Agricultura. Não há como comercializar o sangue fresco, não existem normas técnicas de como deveria ser embalado, rotulado e vendido. Ou seja, Galinha ou Arroz ao molho pardo, fica no passado ou apenas na memória de uma refeição típica de interior, com os amigos.

Existe receita que substitui o sangue animal por vinho tinto e cebola torrada.

Benedito do Carmo Vieira, é DITO, que comanda o restaurante. Cozinhar foi herança deixada pela mãe.

DITO

No cardápio tinha jiló de todo jeito: como antepasto, na entrada; cozido para acompanhar a refeição e como doce. E foi bem degustado. Nem dava para lembrar que na nossa rotina é bem difícil se incorporar o jiló. Ele já tem má fama por si mesmo!

Dito ensina como escolher abóbora: “Tem que dar umas batidinhas e ver se está durinha, não pode estar oca”.

Quibebe(purê de abóbora)

Costelinha de porco

Frango com as folhas da ora-pro-nobis

Arroz doce com canela e Doce de chuchu com abacaxi e coco

Doce de limão da terra

 

– Terceira parada:

 

SERRANOS

Serranos (ex Bom Sucesso dos Serranos) é vizinho ao município de Aiuruoca. Próximo 238 km de Belo Horizonte.Também passagem de tropeiros no séc. XVIII que faziam o comércio entre as vilas de São João D’el Rey e Ouro Preto. Minas Gerais, terra do OURO. No ano de 2016 a população era de aproximadamente 2.300 pessoas.

Igreja N. Sra. do Bonsucesso

Cidade da família de Juliana Venturelli, ali tudo lhe é familiar, assim como para sua mãe Consuelo que viveu sua infância na cidade.

Artesanato com palha de milho no Centro de Serranos, atrás o coreto da praça.

Coreto da Praça.

No casarão da Neusa, próximo a igreja N. Sra de Bonsucesso, fizemos um charmoso lanche da tarde.

Gracinha, como é chamada Maria das Graças da Silva, nos acompanhou com simpatia e contando o seu amor por cozinhar. O café coado no saco de pano…

Muitos biscoitinhos e pães feitos pela quitandeira e padeira Chiquinha Mariana.

Consuelo Lucinda que então viveu nessa terra, me explica:

Rosca e Broa de Milho

Biscoito de polvilho

Manteiga de verdade.

 

Casadinhos recheados de goiaba

Queijo Mussarela

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